As publicações do Diário de Maria deixaram muita gente curiosa e preocupada com a verdade sobre a pobre jovem. Por isso Irene resolveu investigar essa história, mesmo sabendo dos perigos que ela corre. Irene publicará todas as suas descobertas aqui no Apocalipse2000.
Que Deus a proteja...
Para quem ainda não conhece a história, sugerimos que leia o Diário de Maria ou ouça o podcast da história. Entender a primeira história é muito importante para acompanhar tudo o que vai acontecer nesse novo diário.
Apesar de iniciar os relatos de minha investigação somente hoje, toda minha pesquisa começou há mais de seis meses.
Meu nome é Irene, tenho 26 anos e uma meta a cumprir: Descobrir o que realmente aconteceu com Maria e suas amigas. Fiquei apavorada com a história das quatro garotas, e acredito que a verdade realmente ainda não apareceu. Reuni uma vasta documentação, como entrevistas com os familiares, laudos periciais e médicos para iniciar essa viagem aos Estados Unidos, que começa hoje. Estou no aeroporto de Guarulhos aguardando meu embarque a caminho de New Orleans.
Seguirei todos os passos de Maria e suas amigas, para realmente entender o que aconteceu. Relatarei tudo aqui no Apocalipse2000, da mesma forma que Maria fez até seus últimos dias. Encontrarei alguns amigos que moram em New Orleans para me ajudar nessa investigação.
A primeira coisa que quero investigar é o aeroporto de New Orleans. Um médium amigo da família disse que Maria queria passar mais um recado, além daquela frase mórbida escrita no vidro.
Espero trazer novidades em breve.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 14 de maio de 2012, 11:02
Acabei de desembarcar no aeroporto Louis Armstrong, em New Orleans. Meus amigos estavam no portão do desembarque me esperando. Joshua, Carl e Sam vão me acompanhar nessa empreitada. Ficarei hospedada na casa dos dois irmãos, Joshua e Carl. Sam é um grande amigo que tem uma mediunidade muito forte, e está disposto a me ajudar.
A primeira tentativa de descobrir algo foi em vão. Tentei retornar a ala de embarque para investigar o Terminal B 11, onde Maria foi encontrada morta. Os oficiais não me permitiram e disseram que somente passageiros de vôos internacionais tem acesso a essa área. Sam está insistindo que devemos entrar lá. Ele acha que aquele lugar tem uma energia muito forte e deve ter alguma mensagem de Maria para nós.
De qualquer forma, vamos nos organizar para investigar. Hoje preciso descansar da viagem, mas espero amanhã poder visitar a casa onde as meninas se hospedaram, na Coliseum Street.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 14 de maio de 2012, 23:44
Resolvemos nos reunir na casa de Joshua e Carl para discutir o que vamos fazer. Resolvemos nos separar para tentar obter informações. Sam comprou uma passagem internacional e vai até o terminal B 11 investigar o que Maria quer nos dizer. Ele não vai embarcar. Vai só até o portão e vai retornar. Joshua vai até o restaurante onde a atendente trabalhava e Carl vai comigo a Coliseum Street.
Todo noss papo ia bem, até que Sam começa a tremer. Ele transpirava e seus olhos ficaram vermelhos, até que ele começou a falar:
- Estou recebendo uma mensagem da Maria.
- O que ela quer? Perguntei
- Ela quer que desistamos da investigação. Ela disse que se continuarmos com isso, teremos o mesmo fim que ela e suas amigas.
- Quero falar com ela! Falei a Sam!
Nesse momento, Sam parou de se debater. Ela tinha ido embora, mas pediu que meu amigo me desse um recado:
- Ela não quer falar com você. Ela diz que não confia em você.
Parece que teremos algumas dificuldades. Vamos ver o que o dia de amanhã nos reserva
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 17 de maio de 2012, 10:21
Nos reunimos hoje pela manhã para juntar os detalhes que cada um descobriu. Quem trouxe o resultado mais surpreendente (e assustador) foi Sam, do terminal onde foi encontrado o corpo de Maria. As demais investigações foram interrompidas por "forças maiores".
Joshua foi até o restaurante onde a garçonete que ajudou as meninas trabalhava. Ele quase foi espancado pelo dono do restaurante, pois o lugar virou ponto turístico por causa da história contada no Apocalipse2000. As únicas palavras que Joshua arrancou daquele homem transtornado foi:
- Ela transformou minha vida em um inferno. A maldição nos pegou, e vai pegar você também.
Com uma batida na porta, o homem encerrou a conversa com Joshua. No caso da investigação que eu e Sam fizemos na Coliseum Street, tenho novidades, mas são poucas e estranhas.
Entramos na casa por volta do meio dia de ontem. Tudo claro e nada de assustador, a não ser a casa velha, com a porta aberta e um silêncio insuportável. Decidimos que iriamos entrar. Sam foi na frente e eu logo atrás dele. Tudo calmo. Até termos uma visão estranha.
Olhei para a porta do quarto que Lívia, a primeira a ser "possuida" segundo a história. Vi um vulto se mover rápido. Chamei Sam e corremos em sua direção. De repente, tudo ficou escuro. Liguei minha câmera digital para iluminar o local, e começamos a procurar pela pessoa que estava lá. Olhamos pelos armarios, sob a cama e não havia ninguém. Achei que fosse minha imaginação, até que quando a porta se fechou repentinamente, vi a face de Lívia, pendurada atrás da porta cantando uma música infantil e dizendo:
- vocês também vão morrer...
Fui em direção a ela, que segurava um papel. Era um mapa da cidade de New Orleans. O mapa tinha uma marca para o Museu de Vudú, onde o velho Sr. Louis trabalhava. Quando peguei o papel, ele começou a pegar fogo. Foi impossível apagar, e perdemos o mapa e o que havia escrito no papel.
Carl estava trêmulo, e queria ir embora. Saimos da casa e resolvemos voltar outro dia.
Quando Sam chegou do aeroporto, suas mãos tremiam. Ele disse que havia mesmo um recado de Maria no terminal. Ele andou por todo o local e encontrou uma poltrona com algumas marcas de unha. Quando ele se aproximou para ver, percebeu que as marcas estavam em formas de seta, para que ele olhasse para baixo. Quando ele se abaixou, conseguiu ler o que estava escrito embaixo do banco: Irene é a minha esperança, mas não confio nela. Encontre-me no Museu.
Tudo fazia sentido. Agora é hora de colocar as coisas em prática: Investigar o Museu. Se tenho medo de tudo isso? Sim, estou assustada, mas a euforia pelas descobertas está fazendo eu deixar o medo de lado.
Nos vemos em breve.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 19 de maio de 2012, 18:29
Tivemos alguns contratempos. A mãe de Carl sofreu um acidente muito estranho. Ela estava conversando conosco, ouvindo nossas histórias e investigações quando ela desmaiou. Parecia que estava tendo algum tipo de alucinação. Sua boca tremia e seus braços ficaram duros. Ela batia em suas costas e gritando "Sai daqui! Sai daqui!" quando ela desmaiou e bateu a cabeça. Resolvemos leva-la ao hospital. O médico nos tranquilizou mas disse que ela sofreu um grave choque, não pela batida no chão, mas antes da queda. Não falamos nada ao médico sobre o que ela passou. Apenas falamos sobre a queda.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 21 de maio de 2012, 09:32
Fomos ontem a tarde ao Museu de Vudu, em New Orleans. Ainda estou pensando em tudo o que ví por lá.
Entramos como se fossemos turistas visitando o local. Pagamos nossas entradas e demos uma volta para encontrar a sala onde Sr. Louis morreu. Procuramos por todo o museu e não encontramos nenhuma sala com a descrição que Maria fez. Decidimos perguntar, mas ninguém sabia de nada. Até que resolvemos perguntar por Sr. Louis, o antigo segurança. Para nossa surpresa, um dos funcionários mais antigos do museu nos disse o seguinte:
- Nunca trabalhou ninguém aqui com esse nome.
- Impossível - Eu disse a ele. Soube de um homem que trabalhou aqui como segurança há anos com esse nome!
- Acho que você está enganada - Disse o funcionário
Resolvi perguntar sobre Nicolas Cazelar, e o funcionário me disse:
- Sim, claro. Sigam-me.
Acompanhamos o homem até uma sala, cheia de bonecos de Vudu. Ele nos deixou lá e disse que aquela sala era totalmente dedicada a Nicolas Cazelar, um famoso praticante de Vudu do século XIX.
Caminhamos pela sala e encontramos diversos materiais utilizados para a prática do Vudu. Enquanto eu tirava algumas fotos sobre a história de Nicolas Cazelar, Joshua deu um grito chamando pelo meu nome:
- Irene! Veja Isso!
Fiquei impressionada com a cena. Tentei tirar uma foto, mas a bateria da minha câmera e celular descarregaram misteriosamente. Busquei a foto no site do Museu de Vudu de New Orleans para mostrar a vocês.
Essa boneca que aparece na foto, e que aparentemente não tem nada de mais, tem meu nome escrito na parte de trás dela. Ficamos mais assustados quando Joshua me disse que todos os nossos nomes estão escritos em algum boneco do museu. Mas não são somente nossos nomes. Maria, Sara, Lívia e Renata também tiveram seus nomes marcados nos bonecos.
As coisas estão ficando estranhas. Já estou considerando encerrar essa investigação e voltar para casa.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 24 de maio de 2012, 10:26
Demos uma parada na investigação até as coisas se acalmarem e a mãe de Carl sair do hospital, mas as coisas só pioraram...
Passamos dois dias acompanhando a Dona Heather melhorar. Nos revezavamos para dormir com ela no hospital, para que não ficasse sozinha. No primeiro dia foi Carl, no segundo Joshua e ontem fui eu. Vou contar a vocês o que aconteceu...
Deviam ser umas 22:00 quando apagamos as luzes e fomos dormir. Dona Heather estava em sua cama e eu deitei-me no sofá. Por volta das três da manhã, ouvi um som estranho. Peguei meu celular e iluminei o quarto. Quando apontei a luz para Dona Heather, ela estava levitando, deitada na cama. Ela deve ter subido uns trinta centímetros. Tenho certeza disso porque o lençol caiu e eu pude ver suas pernas balançando. Quando me levantei, ela virou sua face para mim e me disse, em português:
- Eu vou matar você! Mas preciso de sua ajuda!
Era Maria, incorporada na mãe de Carl. Ela continuou:
- Não matei minhas amigas! Eles me querem! Não desista de mim! Eles já tem a alma de Sara e Lívia, mas Renata ainda está salva. Procure Renata!
Depois dessas palavras, ela caiu na cama e começou a gemer de dor. Dona Heather estava de volta. Chamamos os enfermeriros que deram uma dose extra de analgésico e ela voltou a dormir.
Contei isso para meus amigos. Eles acham que devemos seguir em frente. Sam teve uma idéia macabra, mas que faz sentido. Não sei se conseguiremos fazer o que ele planeja. Bom, se der tudo certo, eu conto a vocês.
Desejem-me sorte!
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 27 de maio de 2012, 13:45
A idéia inicial de Sam não deu muito certo, e causamos mais problemas do que solução.
Sam resolveu ligar para a polícia do Brasil e disse, em inglês, que o corpo da pessoa que está enterrada no cemitério do Morumbi não é o de Renata e sim de uma outra pessoa. Ele disse que sabe onde Renata está e que se não fizerem um exame de DNA estarão cometendo o maior erro do mundo.
- Renata está viva, disse ele para nós. Foi isso que Maria quiz dizer.
Nunca saberemos se ela realmente está viva. A polícia não vai acreditar em um americano maluco pedindo para exumar um corpo. Mas Joshua surgiu com uma nova idéia:
- E se fizessemos o jogo do copo e tentássemos contacta-la? Se ela está viva, ela não responderá nossos chamados.
Pois bem, decidimos fazer o jogo do copo. Pegamos todo o material necessário e iniciamos o ritual. Chamamos pelo espirito de Renata diversas vezes, até que, depois de muito insistir, o copo, que era transparente, ficou cheio de uma fumaça branca por dentro. Carl resolveu chegar perto. Tirou o dedo do copo e se abaixou. Quando ele olhou diretamente para o copo, ele deu um pulo.
- O que foi? Perguntamos a ele.
- Ela ainda está aqui em New Orleans. É um lugar escuro e cheio de mato e água em volta. Ela quer que a encontremos...
- Mas se ela está viva, quem quer que a encontremos? - Perguntei
- Maria. Ela está sendo perseguida e somente você e Renata podem ajuda-la! Maria disse que você sabe onde Renata está.
- Mentira. Não faço a menor idéia! Nunca vamos acha...
Antes de concluir a frase, o copo explodiu. Estilhaços entraram nos nossos braços, mas nada grave. Agora, preciso entender esse recado de Maria. Estou apavorada, mas muito curiosa para descobrir a verdade. Manterei vocês informados.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 31 de maio de 2012, 22:35
Não bastasse a mãe de Carl vir parar no hospital, agora tivemos problemas com o pai dele. Ele ficou sabendo de tudo o que aconteceu, e acha que tudo isso que anda acontecendo com a Sra. Heather é culpa nossa. Não bastasse ele pedir para que eu saia da casa, ele ainda disse a nós quatro:
- Queria que vocês três nunca tivessem entrado em nossa vida. Já peceberam que tudo o que vocês fazem tem efeitos negativos nas pessoas próximas? Vocês deviam repensar essa brincadeira estúpida!
Pedi a ele apenas mais alguns dias para encontrar um local para ficar.
Depois de bater a porta na nossa cara, voltamos para a casa de Sam. Vamos conversar um pouco sobre os próximos passos.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 02 de junho de 2012, 11:31
Passamos a madrugada inteira investigando nossas pistas, e descobrimos algumas coisas muito importantes...
Começamos avaliando as fotos que tiramos durante a visita a casa de Maria e ao museu de vudu. Investigamos detalhadamente uma foto que consegui tirar do papel que estava na mão de Lívia, e identificamos um endereço. Ele indicava o Oak Alley Plantation, um local distante de onde estamos onde foram filmadas algumas cenas do filme Entrevista com o Vampiro. Essa é uma região de casas que funcionavam como grandes fazendas com diversos escravos e, claro, com lendas de fantasmas e assombrações.
Tivemos uma surpresa quando decidimos assitir ao vídeo que fizemos com a câmera para iluminar o local. Percebemos que em um determinado momento, um outro vulto me abraça. Pela fisionomia, parecia Sara. Será que o espírito das duas ainda está preso dentro daquela casa?
Já nas fotos do museu de Vudu, identificamos que cada boneco tem, além do nosso nome, algumas palavras. No que tem meu nome está escrito a palavra "alma", no de Carl a palavra "não". Queremos voltar lá e verificar se existem outras mensagens nesses bonecos.
Ligamos novamente para os pais de Renata no Brasil, apenas para perguntar se estava tudo bem e sondar se o plano de Sam funcionou. Eles disseram que a polícia esteve por lá com uma denúncia para investigar o óbito de Renata. Segundo o documento que eles receberam, havia a possibilidade de terem trocado os corpos e eles gostariam de fazer uma análise de DNA nos restos mortais da moça. Eles ainda estão relutando em permitir isso, mas estou tentando convence-los que é algo importante para o descanso eterno da sua filha.
Estou procurando um lugar para ficar, já que devo sair da casa de Carl e Joshua. Pesquisei diversos hotéis mas só encontrei uma vaga, adivinhem onde? No Andrew Jackson Hotel. O mesmo hotel onde Renata foi morta. Parece que o destino está querendo me mostrar algo. Acho que vou para lá amanhã.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 06 de junho de 2012, 19:44
Depois de dois dias instalada nesse hotel, posso finalmente afirmar que coisas muito estranhas acontecem por aqui.
Já na minha chegada perguntei sobre os acontecimentos no ano passado, das brasileiras que se hospedaram aqui. Ninguém quer falar sobre o assunto pois isso tem se tornado justificativa para turistas visitarem o local. Por mais macabro que possa ser, os donos do hotel estão deixando o quarto onde Renata foi morta vazio para visitação. Muito estranho.
No dia seguinte, pedi permissão para visitar o quarto. Tive que deixar US$ 15,00 para a recepcionista me deixar entrar. Lá dentro tive uma experiência assustadora.
O quarto estava todo bagunçado. Ainda existiam marcas de sangue pelo local. Foi colocada até uma placa contando a história do assassinato, com passagens de ataques de zumbis e até demônios. Andei por todo o quarto, até que me deparei com algumas marcas estranhas no chão, próximas a cama onde Maria dormia. Resolvi olhar. Abaixei-me para olhar e encontrei uma corrente de ouro, com a letra "R" cravada no meio, todo sujo de sangue. Tudo levava a crer que Renata estava realmente morta, até que recebi uma ligação de Sam:
- Você não vai acreditar no que aconteceu! A família concordou com a exumação do corpo de Renata para realizar um exame de DNA. Quando abriram o caixão, o corpo não estava lá! Não se fala de outra coisa no noticiário brasileiro e...
Antes de Sam terminar sua frase, senti alguma coisa puxar meu pé sob a cama. Deixei cair o celular e comecei a gritar. Era uma mão toda deformada, com marcas de mordidas. Ela me segurava com força e me puxava para baixo da cama. Quando consegui me soltar, já havia ao meu redor uns três seguranças do hotel, me pedindo par sair do quarto. Eles me colocaram para fora a força e trancaram a porta.
No dia seguinte contei aos meus amigos meu relato e eles me colocaram a par de todo o caso do desaparecimento do corpo de Renata. Agora, temos certeza de que ela ainda está viva, mas não temos idéia de onde.
Antes de chegar ao hotel, decidi tirar uma foto do apartamento onde Julie vivia. O que me estranhou foram duas coisas: Luzes acesas em um apartamento abandonado e um vulto estranho na foto. Dêem uma olhada e me digam o que acham. Podem deixar as mensagens nos comentários da página.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 09 de junho de 2012, 11:23
Dona Heather está de volta em casa. Ainda com algumas sequelas mas está melhor. Agora, vamos nos organizar para visitar a tal casa da Oak Alley Plantation. Manterei vocês informados.
Perdi meu telefone celular naquele dia no hotel. Os seguranças disseram que não encontraram nada. Tenho certeza que aqueles infelizes o roubaram. Amanhã mesmo comprarei outro.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 16 de junho de 2012, 23:47
Vou fazer um resumo rápido da nossa semana, porque até ontem a noite nada de estranho havia acontecido, mas esse encontro de ontem foi o mais surpreendente da minha vida.
Passei o início da semana tentando localizar meu celular. Ligue diversas vezes mas ninguém atendeu. Liguei para minha operadora e cancelei a linha. Não quero ter problemas com isso.
Durante essa semana organizamos nossa visita as Plantations, que seria na sexta-feira, dia 15. Organizamos tudo: Alugamos um carro para não depender de ninguém. Queriamos sair cedo e passar o dia todo por lá, mas na sexta-feira Carl nos atrasou e partimos as 13:00.
Chegamos a Oak Alley Plantation as 14:30. Compramos os ingressos e começamos a investigar o local. A casa é realmente fantástica. Lembro-me como se fosse ontem quando assisti a "Entrevista com Vampiro" e ficava imaginando Brad Pitt caminhando e gravando por aqui.
De volta a investigação, tudo parecia muito normal. Nada de sobrenatural. Tivemos a sensação que perdemos tempo, até que Joshua me chamou desesperado:
- Nosso carro desapareceu! E Sam Também!
Ficamos desesperados. Perguntamos as pessoas em volta se tinham visto nosso amigo e o carro. Ninguém notou nada estranho. Uma pessoa disse que nem sabia que estavamos em quatro pessoas.
Começou a escurecer e ficamos mais preocupados. Precisavamos ir embora, mas não podiamos deixar nosso amigo por lá. Tentamos ligar mas ele não atendia ao telefone. Tudo muito estranho. O último ônibus estava partindo, e a guia nos perguntou se queriamos ir com ela. Decidimos que Joshua iria com ela, buscaria ajuda e voltaria aqui para nos buscar.
Um dos seguranças do local nos cedeu sua guarita para aguardarmos. Eram 22:00 quando um carro apareceu. Era Sam, com nosso carro e muita coisa para nos contar:
- Entrem rápido! Temos que voltar logo!
Ligamos para Joshua para que ele não viesse mais e entramos no carro. Sam começou a nos contar enquanto dirigia:
- Desculpem pelo que fiz, mas se não o fizesse, creio que vocês ficariam mais bravos ainda comigo.
- Fale logo! - Gritou Carl
- Eu estava olhando por uma das janelas da casa, quando vi duas garoras do lado de fora me chamando. Achei que não era comigo, mas elas acenavam para mim. Quando desci para ver, elas não estavam mais lá. Olhei ao redor e vi que elas estavam dentro do carro que alugamos. Fui ao seu encontro e identifiquei as duas: Eram os espíritos de Lívia e Sara. Elas estavam com uma fisionomia normal, diferente de tudo o que conhecemos da história delas. Elas pediram para que eu entrasse no carro e dirigisse até um local.
- E que local é esse? - Perguntei
- Levei mais ou menos 15 minutos para chegar lá, com os dois fantasmas no banco de trás. Chegamos em um pequeno celeiro em outra casa das Plantations. Quando cheguei lá elas desapareceram. Resolvi descer e investigar. Entrei naquele lugar cheio de materiais de carpintaria. Serras, madeira, pregos e muita palha. Senti um cheiro estranho de fogo e desmaiei. Quando acordei, eu estava fora do celeiro que estava totalmente em chamas, e dentro do bolso da minha calça, apareceu isto aqui.
Sam tirou do bolso um boneco de palha com a ponta da cabeça queimada. Fiquei impressionada com aquilo, mas quando Sam virou para continuar a história, surgiu na estrada uma mulher loira, toda vestida de branco na frente do carro. Sam conseguiu desviar da moça, mas pedi a ele que parasse. Tinha certeza que eu conhecia aquela mulher.
Quando o carro parou, pude ver o vulto daquela mulher ali parada. Ela olhava para nós. Fui em direção dela, mas ela continuava imóvel. Sam fez o retorno e iluminou a estrada, para que eu pudesse ver seu rosto. Quando cheguei perto dela, fiz a pergunta que eu tanto queria:
- Renata? É Você?
- Sim, sou eu mesma. Estava te esperando, Irene.
- Como sabe meu nome?
- Sei muito sobre você. Preciso conversar com você novamente, mas ninguém pode saber que nos encontramos. Se Maria souber que estou aqui tudo vai acaber muito mal.
- O que Maria tem a ver com isso?
- Tudo. Eu explico melhor para você no nosso próximo encontro. Preciso ir. Nos vemos em breve.
- Espere! Como posso encontra-la!
- Não se preocupe. Eu a encontrarei.
Antes de ir embora, peguei no braço dela e perguntei:
- Voce está mesmo viva?
- Se Maria me encontrar, não estarei mais. Agora me deixe partir.
Renata puxou o braço e correu na direção da mata. Ficamos chocados com esse encontro. Entramos no carro e voltamos para casa. Temos certeza que foi Renata que salvou Sam do incêndio no celeiro, que deve ter sido causado por Lívia e Sara. Tem alguma coisa nessa história que ainda não está bem explicada. Porque ela tem tanto medo de Maria? E o que realmente aconteceu com ela?
Bem, continuaremos a investigação...
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 22 de junho de 2012, 21:59
Depois de muitos dias aguardando, finalmente Renata apareceu, e com alguns fatos aterrorizantes...
Dois dias depois do nosso encontro, recebi um recado pela recepção do hotel. Era um bilhete, com a seguinte instrução:
"Encontre-me amanhã em frente ao Cemitério Lafaiete, as 15:00. Venha Sozinha.
Sua vida é sugada pela energia dos fracos e os fracos temem por sua vida. Não haverá piedade."
Me preparei para o encontro. Máquina fotográfica, gravador, bloco de anotações e um pequeno punhal, por segurança. Aguardei na porta do cemitério por alguns minutos, quando alguém me puxou pelo braço e me levou para trás de um túmulo. Era Renata, transtornada e com muita pressa:
- Preciso ser rápida. Seus amigos correm perigo. Maria está por aqui e vai matar todos eles!
- Como assim? Perguntei.
- Quando libertamos o Sr. Louis, Julie tomou posse do corpo de Maria, que assassinou todas as nossas amigas. Maria relatava tudo no diário como se fosse apenas testemunha, mas ela matou Lívia, Sara e quase me matou. Tentamos diversas vezes contactar o mundo pelo diário, mas Maria não deixava. A única mensagem que consegui postar foi a última, dizendo "Você vai morrer, Maria".
- Quer dizer que você matou Maria? Questionei impressionada!
- Sim. Fui até o aeroporto e enforquei Maria no terminal. Era o único jeito de acabar com isso. Ela tinha planos de matar muito mais gente!
- Estou chocada! Não poderia imaginar que...
Renata me interrompeu, e me alertou para a segurança dos meus amigos.
- Vá embora logo e alerte seus amigos! Eles correm muito perigo! Espero que eles ainda estejam vivos, porque o objetivo de Maria é matar todos vocês. Vá logo! Falarei com você outro dia.
Em poucos segundos, Renata desapareceu. Ainda estou tentando assimilar a história. Maria realmente matou suas amigas, e está possuída e controlada por Julie.
Voltei para o hotel. Liguei para meus amigos e contei o caso. Está tudo bem, pelo menos por enquanto. Amanhã me encontrarei com eles.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 27 de junho de 2012, 00:12
Resolvi escrever agora para não me esquecer dos detalhes. Recebi uma ligação assustadora em meu celular.
Há trinta minutos atrás meu celular tocou. Pelo identificador de chamadas, era o meu antigo telefone. Mas como alguém conseguiu meu novo número? Seria algum segurança do museu? Resolvi atender, e ouvi uma voz feminina muito macabra dizendo o seguinte:
- O primeiro será Joshua. Você vai ser testemunha de tudo. Sua vida é sugada pela energia dos fracos e os fracos temem por sua vida. Não haverá piedade.
Joguei o telefone longe. Tentei ligar para Sam mas não consegui. Tentarei ir até a casa de Joshua e Carl agora.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 28 de junho de 2012, 10:32
Vocês não acreditarão no que aconteceu esta noite...
Dormi na casa de Joshua e Carl, para ter certeza de que nada aconteceria com meu amigo. Na verdade, demoramos muito para dormir, com medo que Maria pudesse aparecer. Depois de muito esperar, caimos no sono.
Durante a madrugada eu acordei. Ouvi alguns barulhos. Ví a porta do quarto se abrir e um vulto entrar. Era uma figura feminina, cabelo lisos, mas não consegui identificar sua fisionomia em um primeiro momento. Ela andava devagar pelo quarto, parecia que realmente não queria acordar ninguém. Tentei me mover mas foi em vão. Eu estava impossibilitada de me mexer. Parecia que alguém segurava meus braços e pernas e tapava minha boca.
Aos poucos aquela mulher se aproximava da cama de Joshua. Ela chegou devagar, até que de repente ela saltou sobre a cama e avançou suas unhas em seu pescoço. O pobre Joshua não conseguia gritar porque aquela coisa estava mordendo seus labios. Praticamente toda a sua face foi mordida, e seus labios e lingua devorados por aquela criatura. Tudo foi muito rápido e silencioso, até que o corpo de Joshua parou de se mover. Quando a besta terminou de se alimentar, consegui ver sua face. Era Maria, com a boca ensanguentada e os olhos arregalados. Antes de sair, ela ainda teve a audácia de olhar bem nos meus olhos, apontar para Carl e dizer:
- Ele é o próximo...
Quando aquele monstro saiu do quarto consegui me mover novamente. Acordei Carl rapidamente, que quase desmaiou quando viu seu irmão naquele estado. Toda a família apareceu para ver o que estava acontecendo, e quase fui espancada pelos pais deles. Eles me acusaram de matar Joshua.
Eu e Carl saimos correndo da casa. Não pegamos nada. Carl está muito mal. Eu o lembrei telefonema de ontem e ele ficou pior, chorando desesperadamente. Ele me empurrou, e disse que tudo era minha culpa, que eu é quem deveria estar morta. Fui embora para meu hotel para tentar colocar as idéias em ordem, mas está tudo muito complicado.
Vou ficar longe deles por alguns dias. Acho que vai ser melhor...
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 02 de julho de 2012, 15:36
Ainda não consigo aceitar o que aconteceu com Joshua, mas pior ainda foi a história que ouvi ontem a noite. Ela é mais inacreditável do que aquilo que ví na semana passada.
Sábado foi o enterro de Joshua. Fui escondida até lá pois queria dar meu último adeus ao meu amigo e tentar explicar a Sam e Carl que não tenho nada a ver com isso, e que temos que nos unir para lutar contra o que quer nos destruir. Chamei Sam durante o enterro e ele disse que quer conversar comigo outro dia, que prefere que essa história do assassinato de Joshua esfrie para que possamos conversar.
Quando todos estavam saindo do cemitério, uma criança veio em minha direção. Era um menino, loirinho de pouco mais de cinco anos. Ele me entregou um bilhete que tinha os seguintes dizeres:
"Me encontre onde Sr. Louis morreu amanhã a tarde. R."
Entendi o recado. Era Renata. Ela pediu que eu a encontrasse lá no dia seguinte. Bem, resolvi arriscar, mas descobri outras histórias assustadoras.
Eram 16:00 do domingo, quando entrei no museu. Renata estava parada na sala onde eu e meus amigos tiramos as fotos dos bonecos de Vudú. Antes de se virar, ela simplesmente disse:
- Sente-se. Temos muito o que conversar. Aqui estamos a salvo dela.
Nos sentamos em um banco de madeira. Renata tinha um boneco de Vudú na mão. Era aquela mesma boneca que eu mostrei a foto aqui no site. Sem tirar os olhos da boneca, ela começou a falar:
- Você já viu do que ela é capaz. Ela quer matar todos vocês.
- Sim, eu percebi.
- Ela vai usar um de vocês como instrumento de morte. Cuidado.
- Como assim? Perguntei
- Ela vai tentar se apossar do corpo de um de vocês. Especialmente o mais sensível a contatos sobrenaturais. Creio que seu amigo Sam pode ser esse instrumento.
- Porque?
- Porque vocês já estão marcados. O futuro de vocês está escrito.
Renata levantou-se do banco e foi em direção a uma prateleira, cheia de bonecos. Pegou um que tinha somente parte da cabeça, e tinha a boca corroida, como se tivesse sido devorada por ratos. Ao virar o boneco, pude ler que o nome de Joshua estava escrito em seu corpo.
- Meu Deus! Não é possível - Como ela fez isso? Perguntei
- Não foi ela, Irene. Foi você. Sua investigação atraiu o espírito de Maria para sua alma. Ela sempre esteve muito próxima de você. Ela estimulava seus sentimentos e curiosidade para que viesse para cá. Porquê você acha que somente esses três amigos concordaram com isso?
- Porque eles também já estariam marcados? Perguntei
Sem emitir um som sequer, Renata confirmou balançando a cabeça.
- Mas por que ela me quer?
- Ela quer libertar seu espírito, Irene. Maria está presa ao nosso mundo como Julie estava por anos. A maldição passou para a próxima alma e Maria quer se livrar condenando seu espírito, para que o ciclo não se feche.
- O que eu posso fazer para impedir? Disse já com lágrimas nos olhos.
- Talvez eu possa ajuda-la, mas precisamos ficar atentas a Sam e Carl. Eles estão vulneráveis agora - Disse Renata.
- Os dois? Perguntei.
Mais uma vez Renata vai até a prateleira de bonecos de Vudú. Ela pega dois bonecos. Um deles está sem os braços e com o corpo todo rasgado. Esse boneco está com o nome de Carl. O boneco com o nome de Sam tem cordas amarradas em seus braços, pernas e cabeça, e uma cruz pintada em sua nuca. Sinal da maldição de Maria.
- Mas até agora ninguém teve uma marca de cruz próximo ao pescoço. Comentei com Renata.
- Você está enganda. Um dos seus amigos está marcado. Tenho quase certeza que é Sam.
- O que devo fazer então?
- Temos que vigiar seus amigos e atacar Maria no momento certo.
- Atacar? Como assim?
- Na hora voce entenderá. Vamos. Temos que ir embora. Está escurecendo. Não podemos ficar aqui.
Saímos do museu e nos separamos. Voltei para o hotel para tentar entender e digerir essa história estranha. Tem algo ainda que não se encaixa nessa história, mas ainda preciso de mais evidências. Bom, vou ficar atenta aos meus amigos. Quem sabe consigo uma pista. Estou confusa. Preciso descansar.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 12 de julho de 2012, 09:37
Passei uns bons dias trancada no hotel para analisar as minhas evidências, mas ontem recebi uma visita indesejável...
Decidi que vou até o final agora. Não tenho mais nada a perder e quero descobrir a verdade envolvendo Maria e suas amigas. Comecei avaliando toda a minha documentação que trouxe do Brasil. Comecei pelos atestados de óbito de Maria e Renata. A causa da morte de Maria foi causada por asfixia, devido ao enforcamento mas o de Renata estava estranho, pois indicava somente insuficiência cardíaca. Como assim somente insuficiência cardíaca? Ela teve seu pescoço praticamente devorado por Lívia e Sara!
Bem, voltei investigar as evidências. Desta vez, li novamente o diário descrito no Apocalipse2000, e notei algo que me fez repensar grande parte dessa história.
Na noite da morte de Renata, 27 de junho de 2011, o computador de Maria dá um "Clique". Esse clique tira uma foto de uma mulher próxima da cama de Maria. Até hoje eu achava que aquela mulher, de rosto indefinido fosse Julie, mas comparando com o que tenho hoje, não tenho dúvidas: Era a própria Maria. Renata tinha razão. Ela já estava possuída e simplesmente tentou assassinar Renata. Mas como Renata conseguiu escapar daquilo?
Foi ai que o sobrenatural se manifestou...
Fui agredida com força na nuca. Passei quase seis horas desacordada. Quando acordei, já era tarde da noite e estava em minha cama. Olhei ao redor e ví uma cadeira vazia na minha frente. Ao me aproximar, fui empurrada para essa cadeira. Não conseguia me mexer. Foi ai que ela apareceu...
Maria surgiu do nada e se sentou em minha cama. Ela tinha uma fisionomia perversa, mas estava contida. Parecia que não ia me atacar. Foi ai que ela começou a falar...
- Onde está Renata! Eu preciso dela!
- Não sei - respondi. Não tenho endereço nenhum dela!
- Eu quero Renata agora! Você acha que ela está a ajudando, mas cuidado! Ela é má e quer matar você, sua desgraçada!
- Porque me odeia tanto, Maria?
- Por sua causa estou queimando eternamente em uma escuridão de trevas.
- Como assim?
- Porque você condenou a todos nós! Lembra-se da sala de bonecos de Vudu do museu?
- Claro. Passei por lá diversas vezes! - respondi
- Pois bem. Você se recorda da grafia dos nomes escritos em cada boneco? Aquilo não foi feito por mim. Foi feito pelo Sr. Louis, para passar a maldição adiante.
- Mas como ele sabia nossos nomes?
- Talvez algum amigo seu possa ter dito a ele. Sabe aquele seu amigo médium? Ele não é médium coisa nenhuma! Ele é um possuído e quer o fim de vocês! Ele sabia da sua vinda a New Orleans e planejou tudo!
- Que absurdo! Não acredito em você, sua maldita! - Gritei
- Você tem confiado demais nas pessoas erradas, sua imbecil. Você quer realmente ouvir a história de Renata?
- Claro!
- Voltarei daqui três dias, e você descobrirá sua verdade. Traga seus amigos e eles entenderão tudo melhor e você vai entender porque não deve confiar em Renata e no seu amigo médium.
Depois de um clarão, Maria desapareceu. As coisas estão ficando cada vez mais confusas, mas começo a desconfiar dos interesses de Renata, afinal, Maria poderia ter me matado de vez hoje. Muito estranho... Bem, vou falar com meus amigos e ver o que fazer.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 14 de julho de 2012, 23:45
Decidi não dar ouvidos a nenhuma das duas. Vou tomar minhas próprias decisões.
Chamei meus dois amigos e contei toda a história. Apesar da perplexidade, eles ficaram revoltados com tudo o que está acontecendo, e decidiram me ajudar. Não acreditamos que Sam possa ser a chave para o mal. Acreditamos que Maria está tentando manipular toda a história.
De qualquer forma, ficaremos trancados em casa até a aparição de Maria, que, segundo ela mesma, seria amanhã. Curiosamente aquela mesma criança que me entregou um bilhete no cemitério deixou um recado para mim na portaria do hotel. O bilhete dizia apenas que "Amanhã conversarei com você. Não saia de casa. R.".
Pelo que entendi, Renata virá aqui em casa. Será que elas se encontrarão aqui amanhã? Bem, aconteça o que acontecer, estaremos todos prontos.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 16 de julho de 2012, 14:21
Foi o pior dia da minha vida. Apenas isso posso adiantar a vocês antes dessas linhas.
Ficamos o dia todo trancados no meu quarto: Eu, Sam e Carl. Estavamos conversando e tentando armar planos para a hora que alguma delas aparecesse. Estavamos todos armados, com facas e estiletes nas mãos. Eu peguei a câmera fotográfica e deixei o dia todo filmando nossa reunião. Até que, por volta das 21:00, alguém bateu na porta.
O silêncio tomou conta do quarto. Não conseguiamos ouvir nem nossa respiração. Tinhamos medo de saber quem era. Me aproximei devagar. Cada passo meu era seguido por um dos meus amigos, que vinham logo atrás. Coloquei o ouvido na porta. Antes de conseguir me aproximar da maçaneta, outra batida, mas desta vez, mais violenta. Hesitei por mais alguns segundos. De repente, ouvi uma discussão:
- O que você faz aqui, maldita?
- Socorro! Tirem-me daqui!
Era a voz de Renata. Ela começava a esmurrar a porta.
- Irene! Abra a porta! Me tire daqui!
Não sabia o que fazer. Ouvi sons assustadores, como as unhas de Renata arranhando a porta. Cada soco de Renata na porta velha de madeira estremecia todo o quarto. Comecei a ver sangue escorrer pela porta. Ele entrava pelo quarto por baixo, molhando o tapete próximo a entrada. Decidimos sair, mas a porta não abria. Tentamos diversas vezes mas não conseguimos abrir. Renata continuava a gritar e Maria urrava de forma grotesca, como se estivesse com a boca cheia de sangue da pobre Renata.
De repente, silêncio. Nada mais conseguimos ouvir. A porta se abriu. Ainda estava tudo escuro do lado de fora. Lentamente tentei acender a luz do corredor, mas escorreguei e caí em algo. Sam foi tateando as paredes e conseguiu acender a luz, e quando ela foi acesa, ví a cena mais assustadora da minha vida.
Todo o corredor estava coberto de sangue. O corpo de Renata foi desmembrado. Eu estava sentada, no chão ao lado das duas pernas da pobre infeliz. Sua cabeça foi pendurada na luz, e iluminava parcamente o sombrio corredor. Na parede inversa, uma frase assustadora: Agora ela está onde deveria.
Antes mesmo de perguntar qualquer coisa, Sam veio correndo em minha direção com a faca em sua mão. Com um golpe certeiro ele atingiu Carl. Meu pobre amigo caiu de costas e continuou sendo atingido. Eu não sabia o que fazer ao ver Sam com aquela fisionomia de possuído. Ele batia com a faca com tanta força que arrancou os dois braços de Carl, com uma simples faca comum. Carl gritava desesperadamente. De uma hora para outra, Sam cai sobre o corpo de Carl. Não sabia se estava desmaiado ou não. Fui me aproximando. Quando cheguei próxima aos corpos, ví um papel em um dos bolsos daquilo que era o corpo de Renata. Era um envelope, endereçado a mim. Peguei o envelope e coloquei no bolso. Quando olhei novamente para o corredor, lá estava ela.
Maria estava parada, na porta do corredor, diante daquele corredor de sangue quente, que já fedia a decomposição. Aquela mulher tinha um olhar macabro. Ela estava de cabeça baixa, descalça, mas olhando bem nos meus olhos. Rindo da cena que ela havia presenciado. Ela passou pelos corpos dos meus amigos, sem tirar os olhos de mim e chegou ao meu ouvido e me disse:
- Obrigada, cadela!
Quando me virei ela havia desaparecido. Sam estava recobrando os sentidos. Desisti de ficar nesse hotel. Não sabia se ele ainda estaria possuído. Peguei minhas coisas rapidamente e fugí para outro hotel. Me troquei em um beco e dormi na rua. Hoje pela manhã consegui me hospedar em um albergue.
Desculpem, mas não tenho mais forças. Não sei o que mais posso fazer para me livrar disso. Na verdade Renata estava certa o tempo todo e Maria queria mesmo me usar, mas o que ela realmente quer de mim agora? Ela já tem todas as almas que precisa? Porque ainda me quer?
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 18 de julho de 2012, 10:54
Minha parada no albergue não durou muito tempo. Tive que ser transferida para outro hotel. Eu estava muito bem localizada, mas por causa da lotação nõ pude ficar muito tempo. Adivinhem para onde fui transferida? Para um hotel que fica duas quadras do restaurante Commanders Palace, onde a atendente morta trabalhava e da casa onde Maria e suas amigas se hospedaram. O hotel chama-se Sully Mansion Bed and Breakfast. Um hotel com uma aparencia antiga e bem assustadora. Vejam algumas fotos dele.
Todas as residências desse bairro são muito parecidas, e bem assustadoras. Espero que tudo de certo.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 22 de julho de 2012, 15:12
Recebi uma visita assustadora essa noite. Na verdade, três.
Fui dormir ontem por volta das 22:00. Estava cansada de toda essa troca de hotéis. Ainda não consegui me organizar por aqui, mas consegui manter essa hospedagem por pelo menos mais 20 dias. Depois que arrumei minhas roupas, as que ainda sobraram e as que eu havia comprado, apaguei as luzes e deitei. Por volta das três da manhã ouvi um barulho. Sentei-me na cama e tive uma visão tão terrível que ainda luto por acreditar se foi sonho ou não.
Quando me sentei olhei ao pé da cama, cujos pés são feitos de madeira e vão quase até o teto do quarto. Achei que havia alguém de pé em minha cama, mas não era. Quando meus olhos começaram a identificar aquilo, não consegui olhar uma segunda vez, não por conta própria.
Eu vi os corpos de meus dois amigos, Joshua e Carl, empalados no pé da minha cama. Eles ainda se mexiam, como se pedissem ajuda. O pé da cama saia pela suas bocas, que ainda se mexiam e tremiam, enquanto seus olhos vermelhos e cheios de lágrimas me olhavam desesperados. Fechei meus olhos quando fui puxada pelos cabelos.
Senti alguém puxando minha cabeça. Não consegui identificar, até ouvi sua voz:
- Viu o que você fez?
Era Renata, que queria me punir pela maldição que truoxe para todos. Não consegui olhar sua face, mas suas mãos estavam vermelhas e cheirando carne podre. Senti alguns ossos de sua mão segurando meu queixo enquanto ela falava:
- Eles vão sofrer por muito tempo se você não fizer nada!
- Mas o que eu posso fazer? Perguntei.
- Dentro da casa tem algo que pode te proteger de Maria. Ela está muito poderosa mas ela tem medo de algo que esta lá dentro. Você deve voltar lá!
- Não vou voltar lá!
Quando disse isso, os corpos dos meus amigos voltaram a se mexer. Eles urravam, como se a esperança da minha ida a casa trazia alívio ao seu sofrimento.
- Sim, eu irei até lá! Mas o que eu devo pegar?
- Você saberá.
Renata jogou minha cabeça contra a parede. Fiquei desacordada por horas. Quando acordei não havia mais ninguém no quarto, apenas um recorte de jornal velho com uma reportagem sobre Robert Johnson, um famoso bluesman da cidade.
Não acredito que isso foi um sonho. Preciso pensar em algo, mas acho que terei que ir até aquela maldita casa.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 31 de julho de 2012, 18:42
Vocês devem estar estranhando minha falta de postagens. Pos bem. Vou contar-lhes o que aconteceu...
Passeu uns bons dias navegando pela internet pesquisando por Roberth Johnson. Aquele pedaço de papel na minha cama era a única pista que eu tinha. Revirei tudo o que havia no meu computador e li novamente o Diário de Maria. Nessa investigação tive algumas surpresas.
Encontrei essa inscrição na Wikipedia, na página relacionada a Robert Johnson: "O mito ainda explica detalhes sobre ele ter saído desesperadamente do bar Tree Forks, sendo perseguido por cães pretos e foi encontrado com marcas de mordidas profundas, cortes em forma de cruz no rosto e seu violão intacto ao lado do corpo ensanguentado. Robert morreu de olhos abertos e uma expressão tranquila no rosto". Isso tem tudo a ver com o que aconteceu no bar, quando Maria usou a camisa marcada. Quando ele tocou a música, algo foi despertado por causa daquela marca na nuca da sua roupa.
Mais uma coisa que acho que tem tudo a ver com essa história: a música que fez Maria se debater naquele bar: Hellhound On My Trail. Nessa música, um trecho me chamou muito a atenção. Quando ele fala "All I needs is my sweet woman" é muito curioso, já que todas as amigas de Maria mortas eram mulheres, e o espirito que perseguiu Maria também.
Minha investigação ia bem, quando eu resolvi sair para jantar no sábado passado. Saí do restaurante já eram mais de meia noite, quando passei por uma rua deserta. Fui caminhando rápido, pois não gosto de sair sozinha a noite, especialmente aqui. Quando estava próxima da esquina, três cachorros pretos enormes, do tamanho de rottweilers apareceram. Ficaram me olhando e rosnando. Eles tinham olhares macabros, como se estivessem com sede de sangue. Eles se aproximaram devagar. Quando o primeiro saltou na minha direção, alguém apareceu e colocou o braço na frente, levando a mordida em meu lugar. Depois essa pessoa jogou o cão longe. Ele se debateu e saiu correndo. Não consegui ver a face de quem me salvou, percebi que era uma mulher. Ela desapareceu rápido. Saí depressa daquele beco e voltei para o hotel.
Infelizmente minha queda danificou meu computador. Levei alguns dias para comprar outro, e por isso demorei a responder o diário. Ainda estou tentando recuperar os arquivos do computador. Algo me diz que o que ocorreu naquela noite de sábado com os cachorros tem a ver com Robert Johnson e com aquela casa maldita.
Acho que terei que ir lá de qualquer maneira. Que droga! Quando isso vai acabar?
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 01 de agosto de 2012, 09:22
Ontem a noite tive um sonho estranho, que me fez mudar meus planos.
Durante meu sonho, Robert Johnson apareceu para mim, dizendo algumas coisas estranhas:
- Não entre na casa agora. Tudo isso vai acabar. Fique tranquila.
- Como assim? Perguntei.
- Você precisa entrar na casa no dia certo.
- Mas como saberei o dia?
- Deixei uma mensagem para você no meu túmulo. Guarde esse número: 74.
- Mas qual deles?
- Você saberá...
Acordei assustada e ansiosa. Na internet existem três possíveis lugares para o túmulo de Roberth Johnson. Vou alugar um carro e correr para um deles. Vou mantendo voces atualizados.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 03 de agosto de 2012, 15:47
Fiz a visita ao local de um dos túmulos de Roberth Johnson. As coisas ainda não fazem sentido.
Dirigi até uma pequena igreja, onde fica o Little Zion Cemetery, no estado do Mississipi. Foram quase cinco horas dirigindo de New Orleans até lá. Encontrei um dos túmulos de Robert Johnson. Tirei algumas fotos do local também.
Essa história dos diversos túmulos de Roberth Johnson me deixou angustiada, já que eu poderia estar no local errado. Existem pelo menos três possíveis lugares onde ele poderia ter sido enterrado, e ninguém tem muita certeza. Segundo os moradores da região, esse é o local mais provavel do seu sepultamento.
Algo que me faz crer que estou no lugar certo são as inscrições em sua lápide. A mensagem que "Jesus me chamará do túmulo" parece ter tudo a ver com o que estou passando nesse momento. Estou tentando localizar a relação entre o número "74" e a mensagem de Robert em meu sonho. Já contei palavras, letras e o mais próximo que cheguei foi somar os números 16 + 19 + 38 (data da sua morte), mas isso dá 73. Bom, continuarei tentando.
Voltei no mesmo dia para New Orleans. Não conseguiria passar a noite na estrada, e dar de cara com alguma das almas que andam me perseguindo. Estou estudando tudo o que tenho para entender a mensagem, antes que Maria ou qualquer outra entidade venha me procurar.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 07 de agosto de 2012, 01:19
Já passava da meia noite quando alguém bateu na porta. Muito estranho, já que ninguém sabe que estou aqui... bem, quase ninguém.
Era a recepcionista do hotel. Ela disse que um homem insistiu para conversar comigo. Era uma pessoa que disse que me conhecia, e que precisava falar urgentemente comigo. Resolvi me arrumar e ver quem era.
Em um primeiro momento não reconheci aquele homem, de fisionomia cansada e com roupas amarrotadas. Perguntei seu nome e ele simplemente disse.
- Não interessa. Precisamos conversar.
Apesar da grosseria, percebi que ele estava mais tenso do que eu para esse encontro.
- Você já deve saber quem eu sou. Seu amigo Joshua me procurou há alguns meses atrás. Soube somente ontem que ele foi morto. Preciso contar-lhe algumas coisas.
Quando ele começou a falar consegui identifica-lo. Era o dono do restaurante Commanders Palace, que fica aqui perto.
- Porque você disse a Joshua que Maria transformou sua vida em um inferno?
Perguntei.
Ele simplesmente levantou a camisa e me mostrou um ferimento horrível na barriga. Pude ver sua carne pulsando como se tivesse sido ferido há poucos dias. Antes que eu pudesse perguntar algo, ele começou a falar.
- Depois da morte da minha funcionária toda a minha vida mudou. Não durmo mais uma noite completa desde aquele dia. Todas as noites, as três da manhã ela aparece em meu quarto e devora um pedaço da minha pele. Estou há mais de um ano sendo devorado por algo que não consigo impedir. Já mudei de casa, passei dias viajando e todas as noites tenho minha barriga ferida. Estou sendo punido por algum motivo que ainda não sei o que é. Eu apenas sei que isso só vai acabar quando o espirito atormentado for destruido.
- E como pretende fazer isso? Perguntei.
- Minha missão é orienta-la, da mesma forma que Robert está fazendo.
Fiquei arrepiada. Como ele sabia disso? Realmente, algo estava perturbando não somente os espiritos, mas as pessoas que se envolveram com Maria.
- Você deve ir até a casa, mas não antes do dia 16. Se entrar lá antes disso, sua morte será certa.
- Como sabe disso?
- O aniversário da morte de Robert Johnson é uma data mágica. Nessa data, ele tem poder sobre os espiritos do mal. Somente nesse dia, no aniversário de 74 anos de sua morte, podemos ter algum sucesso.
Agora tudo faz sentido. O número 74 é o aniversário da morte de Robert Johnson, que será daqui poucos dias! 16 de agosto de 2012! Claro! Porque não pensei nisso antes?
- Mas você deve ser cautelosa. Não deixe que Maria ou seu amigo Sam a encontrem. Eles estão acumulando forças para mata-la, mas eles precisam de você para algo, que ainda não sei o que é.
- E como sabe disso?
O homem simplesmente virou-se de costas e mostrou a queimadura na nuca em forma de cruz. Ele foi torturado e marcado para morrer. Disse que Sam fez isso com ele, que precisa eliminar todos os envolvidos.
- Tudo acaba dia 17. Ou Maria é destruída ou...
- Ou o quê? Perguntei ansiosa
- Ou nos juntaremos a ela no inferno.
Depois de alguns segundos em silêncio, o homem pegou suas coisas e saiu do hotel. Antes de sair, ele apenas acenou e disse:
- Preciso ir. Não quero que veja meu corpo sendo devorado. Nos vemos no dia 17. No céu ou no inferno.
Fiquei ainda alguns minutos sentada no sofá da recepção tentando entender o que aconteceu. Preciso assimilar toda essa informação, mas parece que tudo está em minhas mãos. Bem, vou me preparar para esse "dia 16".
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 12 de agosto de 2012, 19:09
Cada dia que passa começo a achar que esse encontro que terei na maldita casa não será um duelo, e sim uma batalha.
Há algumas noites tenho tido sonhos recorrentes relacionados a tudo o que passei nesse tempo em New Orleans. Foram diversos deles e cada um com uma lembrança de algo que aconteceu. Lembranças boas e lembranças ruins. O problema é que as lembranças ruins estão relacionadas as mortes de todos os meus amigos.
O último sonho que tive foi com Robert Johnson. Sonhei com a cena da morte dos meus amigos Joshua e Carl enquanto Robert estava de pé, ao fundo do corredor olhando a carnificina feita por Maria. Quando tudo acabou, Maria se ajoelhou diante dele. Com um olhar calmo e sereno, ele colocou a mão sobre acabeça de Maria. O simples toque da palma da mão daquele homem fez a cabeça de Maria explodir, deixando seu corpo decapitado e sem vida cair aos seus pés.
Ele veio em minha direção, tocou minha face com a mão ensanguentada e disse:
- Você não estará sozinha. Faça tudo certo que a ajudaremos.
- O que quer dizer com isso?
- Você saberá.
Robert Johnson caminhava pelo corredor, se esquivando dos corpos espalhados pelo chão. Antes de virar o corredor e desaparecer, ele me disse:
- Não esqueça o envelope da sua amiga. Ela tem algo importante para você.
Sim, eu havia pego o envelope que estava no bolso de Renata. Ela havia escrito algo para mim e me esqueci completamente dele. Quando acordei a primeira coisa que fiz foi procurar esse envelope. Era uma pequena carta, com os seguintes dizeres:
"Vá ao túmulo da garçonete"
Saí cedo do hotel hoje para localizar o túmulo da garçonete. Procurei por todo o cemitério e depois de algumas horas consegui identifica-lo. Era um túmulo simples, mas todo arranhado, como se alguém tivesse passado muito tempo tentando abrir aquele túmulo com as unhas. Olhei bem em volta do local mas não encontrei nada. Talvez esse recado fosse para me encontrar com Renata, mas como ela já está morta isso não fazia mais sentido.
Quando eu estava prestes a ir embora, chutei uma pedra solta no chão. Olhei para baixo e ví um pano branco, todo sujo e muito velho. Peguei o pano, que na verdade enrolava algo que estava dentro dele. Era macio, mas com algo pontiagudo. Qundo abri aquele pano notei o que era. Era outro boneco de palha, parecido com o que Maria levou para o ritual de vudú com Sr. Louis.
Depois disso me lembrei da história: Quando Renata teve um dos seus primeiros surtos, ela desapareceu, e foi encontrada aqui no cemitério, ao lado do túmulo da garçonete. Sim, agora faz sentido. Ela sabia de algo. Ela tinha outro boneco! Mas como ela conseguiu esse boneco? Ele estava no quarto de Maria! Pelo tipo de boneco, ele parece ser outro, já que esse tem os braços queimados e não a cabeça.
Mas o que mais me surpreendeu foi o que era aquele branco: A camisa de Maria, com a marca em forma de cruz na nuca. Era aquela camisa maldita que começou toda a maldição!
Além da camisa, encontrei um pequeno punhal, com marcas de sangue seco, como se tivesse sido usado há muito tempo. Lembrei-me do sonho e das palavras do músico e guardei esses objetos comigo.
Voltei para o hotel e vou estudar as peças. Quero entender que mensagem é essa de Renata. Quero acreditar que Renata e Robert estão me ajudando para meu encontro com Maria nessa quinta-feira.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 14 de agosto de 2012, 05:12
Agora que consegui me recompor, posso contar a vocês o que aconteceu nessa noite. Creio que a batalha começou agora.
Fui dormir por volta das 23:00. Passei o dia todo estudando e planejando minha visita a casa na quinta-feira. Estava separando tudo o que vou levar para esse dia. O silêncio era total, quando ouvi um som de uma freada forte e uma pancada. Sons de vidros quebrando vinham da rua e um grito alto de dor me deixou alerta: Era um acidente.
Saí correndo até a rua e ví que um homem estava deitado no chão, todo ensanguentado, ainda gemendo de dor pelo forte impacto. O carro, um velho camaro vermelho, estava bastante destruído. O impacto foi grande.
Gritei por ajuda, mas a rua estava deserta. Parece que ninguém ouviu o que aconteceu. Me aproximei do homem, que ainda gemia e se mexia. Ao me aproximar, consegui identificar aquele pobre acidentado.
Era o dono do restaurante, que me visitou há alguns dias. Ele deve ter vindo me alertar de algo, mas sofreu o acidente na porta do meu hotel. Me aproximei e perguntei:
- O senhor está bem? Vou chamar a ambulância!
O homem apenas disse:
- Você precisa ir embora daq...
Antes de terminar sua frase, fui jogada para trás. Sim, ela havia me encontrado. Maria vinha em minha direção com uma fúria muito maior do que das vezes anteriores. Ela segurou meu pescoço e me levantou do chão com sua força sobrenatural:
- Onde está o boneco? Perguntou o monstro.
- Que boneco?
- O segundo boneco de palha! Preciso dele!
- Não sei do que você está falando!
- Mentira! Você está...
Maria não conseguiu terminar sua frase. Foi atacada por um enorme cachorro preto que a derrubou no chão. Corri para perto do carro para me esconder. Nessa hora, ela apareceu.
Renata vinha caminhando do outro lado da rua, acompanhada por mais dois cachorros, iguais aos que me atacaram. Tentei me esconder, já que aqueles animais ferozes já avançaram sobre mim uma vez. Entrei no carro e fiquei acompanhando a cena a uma certa distância. Quando Renata se aproximou, consegui entender os ataques dos cães.
- Ela é minha, vadia! Gritou Maria.
Com uma voz calma, Renata complementou.
- Não, Maria, você é quem pertence a ela. Você está nas mãos dela.
Quando Maria levantou, notei que seu braço estava muito machucado. Sim, ela foi atacada pelo cão, mas não hoje. Então, foi Maria quem me defendeu do ataque naquela noite?
- Eu preciso do boneco! Eu preciso!
- Ele está seguro, Maria. Desapareça antes que os cães queiram terminar o que começaram. Disse Renata.
Com um grunhido gutural ela se levantou e desapareceu num piscar de olhos. Continuei olhando pela janela, quando Renata veio em minha direção.
Abri um pouco o vidro, e Renata começou a falar.
- Vamos tomar conta de você até quinta-feira. Até lá, não saia do quarto!
- Não entendi, Renata. O que Maria quer?
- Ela precisa de todas as peças, as relíquias que envolvem a maldição. Ela sabe que as últimas estão com você. Estará segura enquanto ela não os possuir.
- E porquê Maria me salvou dos cães naquele dia?
- Ela não a salvou. Os cães salvaram. Maria sabia do bilhete que estava comigo e precisava de você.
- Quer dizer que esses cães...
- São cães guardiões. Eles tem vários nomes, mas deve conhece-los por Cérbelo.
Cérbelo, o cão que guarda os portões do mundo dos mortos! O cão de três cabeças separado em três animais!
- Volte para dentro. Garantiremos sua segurança até seu encontro final com Maria.
- Encontro final? Perguntei - Como assim?
- Somente uma de vocês sairá daquela casa. Ou você sai com vida, ou Maria sai mais poderosa.
Com essas palavras, Renata desapareceu. Quando retornei ao hotel, ouvi sirenes que chegaram para resgatar o pobre homem. Não sei se ele ainda está vivo, mas está sendo medicado.
Não consigo mais dormir, por isso estou escrevendo a essa hora da manhã. Preciso esperar a adrenalina baixar.
Sinto que estou com meus dias contados...
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 15 de agosto de 2012, 10:57
Dormi praticamente o dia todo de ontem. Isso me ajudou com a noite que tive hoje...
Dessa vez recebi outras visitas. Um pouco menos violentas do que as de ontem, mas mesmo assim assustadoras.
Como disse, dormi o dia todo. Acordei por volta das 18:00 com uma visão das duas amigas de Maria: Sara e Lívia estavam de pé ao lado da minha cama. Ambas estavam com seus rostos deformados e pele praticamente roxa. Suas mãos não tinham mais unhas, que pingavam sangue daquela carne pulsante na ponta de cada dedo. Elas tremiam e seus cabelos pingavam uma água escura que fez uma poça sob seus pés. Elas estavam paradas, simplesmente me olhando. Tentei sair da cama e quando coloquei o pé no chão, Lívia avançou na minha direção critando e com os dentes prontos para me morder. Voltei com meu pé para a cama, e aquele monstro voltou a sua posição.
Ela não podia me tocar. Alguma coisa impedia que aquelas duas figuras cruzassem a barreira da minha cama. Elas permaneceram ali por horas, até que um uivo ecoou pelo quarto.
Ouvi passos pelo corredor. Passos muito lentos. Não somente passos de pessoas mas também de animais. Imaginei que seria Renata e os cães protetores. Esperei pacientemente até que entrassem na porta, mas eles não entraram. Ficaram parados no corredor, como se aguardassem que eu abrisse. Eu não podia sair. Não sabia o que fazer. Não conseguia nem falar.
Procurei algo na cama que poderia estar causando esse medo dos monstros... e encontrei.
Aquele pedaço de papel com a foto de Robert Johnson estava preso ao lado da minha cama. Deve ter caído durante minas arrumações e ficou presa a lateral da cama. Quando aproximei minha mão da foto, as duas criaturas mudaram sua fisionomia. Pareciam animais feroses em jaulas, que se debatiam e queriam, a qualquer custo evitar que minh amão chegasse ao pedaço de papel. Quando toquei o papel as duas andaram para trás, como um vampiro que tem medo da luz. Peguei o papel e coloquei meu pé no chão. Sara e Lívia sairam correndo pela porta, gritando como dois animais.
E não havia mais ninguém no corredor...
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 16 de agosto de 2012, 15:12
Hoje é o grande dia. Estou indo para a casa. Estou preparada levando o boneco de palha, o punhal e a camisa de Maria. Estou em um momento que não tenho mais medo. Sei que essa é a missão da minha vida e preciso acabar com isso.
Se tudo der certo, quando terminar farei o relato a vocês o quanto antes. Se não der, talvez essa seja minha última mensagem.
Abs
Irene
Publicado por: Irene B. S.
New Orleans, 17 de agosto de 2012, 21:12
Se estou escrevendo essas palavras significa que deu tudo certo. Mesmo com muito sangue derramado durante todos esses meses de investigação, o resultado final dessa investigação valeu a pena. Apesar de achar que essa maldição ainda não acabou...
Cheguei a casa por volta das 15:00. Tudo parecia calmo e silencioso. Parecia que realmente não havia ninguém na casa. Me aproximei muito lentamente da porta da frente, que estava entreaberta. Tudo lá dentro era escuridão, enquanto do lado de fora o sol brilhava com intensidade. Parecia um outro mundo, um portal. Um portal para o inferno.
Abri a porta devagar. Tomei o cuidado de olhar em volta para me certificar que não seria surpreendida, já que eu sabia que "alguma coisa" me esperava. Depois de dois passos a porta atrás de mim se fechou. Não me preocupei em abri-la. Eu só queria que aquilo terminasse.
Não demorou muito para alguém me recepcionar. Ouvi sons de choro. Um choro baixo, mas muito triste. Parecia que alguém sentia muita dor. Continuei caminhando pela escuridão em direção ao quarto de Maria. O choro ficava mais forte. Sim, eu estava me aproximando daquele choro.
Cheguei perto da porta do quarto de Maria. O choro vinha de lá de dentro. Coloquei o ouvido na porta e pude reconhecer sua voz. Era uma voz masculina muito familiar. Quando entrei no quarto ví algo que quase me fez vomitar.
Sam estava de pé, no meio do quarto. Ele estava com seus braços apontados para a frente e os punhos virados para cima. Dos seus punhos saia algo como se fosse uma corda, ou uma linha, mas na verdade, eram suas veias arrrancadas de seus braços. Ele foi pregado ao teto por suas veias. O chão estava inundado de sangue. Quando ele me viu, me pediu ajuda:
- Socorro Irene!
- Quem fez isso com você? Perguntei.
Um grito respondeu minha pergunta.
- Mariaaaaaaa!
Nesse momento, os pregos que prendiam as veias de Sam ao teto se mexiam. Ele parecia um marionete, sendo controlado por alguma força paranormal. Ele caminhava em minha direção, enquanto suas veias eram movidas pelo teto. Cada vez que uma veia era puxada, ele se movia. Somente quando ele deu o primeiro passo notei que seus pés também estavam sendo castigados da mesma forma. Suas mãos vieram em direção ao meu pescoço. Esquivei-me rapidamente e ele gritava cada vez mais. Tentei sair do quarto, mas a porta se fechou e eu não conseguia abrir. Foi quando ouvi outra voz familiar, mas dessa vez extremamente macabra, me chamando:
- Esperei você por muito tempo!
Era Maria, que abraçava Sam por trás. Ele não conseguia falar, apenas estava paralizado. Maria continuou a falar:
- Vamos acabar logo com isso!
Maria cravou as unhas no peito de Sam, abrindo suas costelas e deixando seus órgãos a mostra. Coração e pulmão se mexiam freneticamente enquanto Maria puxava as costelas de Sam como se fossem asas:
- Você vai voando para o céu Sam! Gritava Maria com sua risada macabra e seu rosto desfigurado. Sua pele estava áspera e cheia de vermes, devorando sua face de cadáver.
Sam não conseguia cair de joelhos pois estava preso por suas veias ao teto. Seu último suspiro foi acompanhado de um olhar de desespero em minha direção. Ele ficou ali, pingando sangue e pendurado ao teto.
- Agora é sua hora, Irene.
Fui pega pelos braços, mas sem ver Maria se movimentar. Ela estava parada. Eram outros braços que me puxavam. Quando olhei para os lados pude notar quem eram. Lívia e Sara estavam segurando meus braços, enquando Maria vinha em minha direção. Aqueles braços estavam gelados e seus dedos ásperos, porém úmidos. Maria andava devagar olhando e rindo do meu sofrimento. quando se aproximou ela começou a falar:
- Finalmente, passarei minha maldição adiante.
- Não tenha tanta certeza, respondi.
- Idiota! Você não pode comigo.
- Claro que posso. Eu também caí de joelhos na encruzilhada.
- Você não...
Maria não teve tempo de responder. Foi jogada para trás quando dois cães destruiram a porta e morderam os braços que me seguravam. Eles puxaram os braços de Lívia e Sara com tanta força que seus membros foram arrancados. Enquanto elas se debatiam os cães dilaceravam sua carne morta, deixando um odor de carniça e sangue por todo o quarto. Ela não sabia da minha ligação com Robert Johnson, o homem que havia feito o pacto na encruzilhada.
Maria deu dois passos para trás quando ela entrou no quarto. Renata apareceu ao lado do terceiro cão, com uma fisionomia pacata e calma. E então ela começou a falar.
- Vamos acabar logo com isso, Maria!
Maria deu um urro e ficou de quatro, se tranformando em um ser bestial, com grandes caninos que pingavam saliva e olhos grandes e vermelhos cheios de ódio. Na primeira investida em Renata, Maria, ou aquilo que um dia foi a jovem turista de New Orleans, foi interceptada pelo terceiro cão. Eles lutavam como dois animais, dois cães rivais que lutavam por uma presa. Renata olhou para mim e disse:
- Vista a camisa de Maria e me dê o punhal.
Não pensei duas vezes e vesti a camisa. Quando passei a gola da camisa pelo meu pescoço consegui ver as coisas como realmente estavam acontecendo. Estavamos em um lugar infernal, cheio de mãos e faces que saiam das paredes, teto e piso. Estavamos em algo como um umbral, um purgatório... algo indescritível. Dei o punhal na mão de Renata, que também estava gelada, mas menos áspera do que daqueles outros seres.
Maria conseguiu morder o pescoço do cão antes de atacar Renata. Ela era mesmo um animal, uma besta sedenta por sangue. Maria pulou sobre Renata e mordeu seu rosto. Renata ficou desfigurada, com o queixo desprendendo de sua face e sua lingua cortada ao meio. Ela mantinha sua calma enquanto cravava o pequeno punhal nas costas de Maria, mas a apunhalada não surtiu efeito. Maria nem parecia ter sido atingida, e continuou a devorar a face de Renata. Ela se foi. Caída no solo enquanto as mãos infernais puxavam seu corpo inerte para o solo.
Depois de ver o último pedaço de Renata desaparecer no solo, aquilo olhou para mim. Ela se abaixou e se preparou para atacar. Quando saltou em minha direção, algo a fez cair de lado e gritar, como um animal ouvindo um apito insuportável. Aos poucos, consegui identificar o que fez Maria cair. O som aumentava, quando eu ouvia a música "the Crossroads" tocada por um violão e cantada por um vulto que vinha em minha direção. Enquanto ele tocava aquela fera se debatia no chão. Foi quando ele começou a falar:
- A maldição de Julie termina aqui. E a minha também.
Ele tocou o punhal cravado em Maria, que fez ela se transformar novamente em uma mulher, jovem e de pele corada.
- O que você fez? Perguntei
- Ela merece uma segunda chance. E eu também.
Nesse momento a fisionomia de Robert Johnson mudou. As cicatrizes de sua face ficaram úmidas e sangravam, enquanto as mãos que saíam do solo o puxavam para baixo.
- Estou livre. Agora posso descançar em paz.
- Mas onde está Julie? Perguntei.
- Olhe para trás.
Quando me virei, os três cães estavam se transformando. Eles pareciam um amontoado de carne tomando forma. Estavam se transformando em uma mulher. Sim, uma mulher de cabelos negros e pele branca. Uma mulher muito bela, e sem nenhuma marca de violência ou putrefação. Era Julie que estava encarnando naqueles animais.
- Obrigado Robert. Estou livre.
Suas palavras acompanharam seu corpo em direção ao solo. As mesma mãos que estavam puxando Robert Johnson para o limbo puxavam Julie. As últimas palavras de Robert Johnson foram para mim:
- Pode tirar a camisa Irene e volte para casa.
Tirei a camisa e todo aquele cenário macabro desapareceu. Apenas o corpo de Maria estava no chão. Mas seu corpo continuava com a pele corada, e se sangue escorria pelo quarto. Ela Se movia. Não sabia se era um truque ou não. Me aproximei devagar e notei que ela não estava mais possuída. Maria estava de volta. Toquei sua pele, tentando ajuda-la a levantar. Ela olhou para mim e perguntou:
- Quem é você? O que estou fazendo aqui?
- Você não se lembra de nada?
- Apenas da minha ida ao aeroporto, e de um vulto me carregar até o portão de embarque. Depois disso não me lembro de mais nada.
- Bem, tenho uma longa história para te contar. Vamos sair daqui.
Já era dia quando saímos pela porta da frente. Tudo parecia diferente, como se nada tivesse acontecido. Expliquei a história a Maria, que me ouviu calmamente e me entendeu. Convenci Maria que temos que voltar ao Brasil. Passamos em uma loja de companhia aérea e compramos nossos tickets, mas fiz questão de deixa-la em um vôo diferente do meu. Chamamos dois taxis e cada uma ia tomar seu caminho. Ela abriu a porta do seu taxi e me abraçou.
- Obrigada, Irene. Você salvou minha vida.
- Acho que a investigação acabou.
Maria entrou no carro. Abaixou a cabeça por alguns segundos. Olhou em minha direção com um objeto na mão e disse:
- Ainda não.
O taxi de Maria arranca e vai embora. Da janela ela acenava com o objeto que estava em sua mão. O boneco de palha que estava comigo... e que ela tanto queria.