Apocalipse2000 - 13 anos

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Fobia de Insetos

Augusto acorda em sua cama.Olha a hora no relógio. 3:00 horas da madrugada. Está sem sono,cansado e com um pouco de dor de cabeça.Vai até a cozinha e bebe um copo d`água. Lava o rosto no banheiro e volta para cama e espera o sono voltar.

Começa a pensar no pesadelo que acabou de ter.Via a cidade infestada de enor- mes insetos. Ele sente um calafrio pelo corpo só de pensar nisso. Ele tem fobia a insetos, descartando somente formigas pequenas. O sono bate e ele cede com prazer.

Agora ele se encontra vagando pelas ruas no momento do pôr-do-sol. Esta in- do se encontrar com Vanessa, sua namorada, na Praça Batista Campos. Ele a vê de costas e olha as horas. Está atrasado 1 hora. ?Ela deve estar furiosa? pensa ele. Mesmo assim ele vai até lá pedir desculpas.

- Oi ? diz ele, mas ela continua de costas com os braços cruzados. ? tá bom... sei que me atrasei de novo.

Ela continua na mesma posição.

- Ora vamos... - diz ele ? fala comigo!

Ela se vira para trás. No lugar de seu rosto está a cara de uma aranha. Augusto grita e se afasta. Ele acorda novamente em seu quarto e ainda desperto sente minúsculas pa- tinhas correndo pelo seu corpo.Vê seu corpo cheio de insetos. Grita novamente e pula da cama derrubando alguns.Eles são milhares,de todos os tipos e muitos o machucam com seus ferrões.

Augusto continua derrubando-os com suas mãos. Mas eles parecem que nunca acabam, como se nascessem outros instantaneamente. Alguns entram em sua boca e ele os cospe fora. Seu coração bate aceleradamente e ele acha que se continuar assim pode ter um enfarto.

Ele grita por socorro mas ninguém aparece. Corre para a cozinha, pega o inseti- cida e joga por todo o corpo. O inseticida acaba e nenhum inseto morre.

Então corre para o banheiro e liga o chuveiro. Em seguida fica debaixo dele tentando lavar o corpo. Quanto mais insetos caem, mais aparecem.

Ele não está mais agüentando essa agonia. Esses monstrinhos estão em todo o seu corpo, desde os cabelos e a boca, até os pés e entrando em seu ânus. Ele enoja o próprio corpo e se pudesse mudaria de pele,pois para ele nem todos os tipos de banho tiraria tal ?su- jeira?.

Já deveria estar rouco de tanto gritar?,pensa ele enquanto baratas tentam entrar em sua boca.Talvez sua garganta seja mais resistente do que aparenta. Mas isso no momen- to não é o mais importante. Esse é sem dúvida o pior momento de sua vida e ele reza para que aquilo não seja real. Talvez sua fobia tenha chegado a um estado muito avançado e es- teja lhe causando alucinações. Ou melhor, talvez aquilo seja apenas um pesadelo. Mas não pode ser real.

Bate três vezes com sua cabeça na parede na esperança de acordar.Nada aconte- ce. Corre então para a cozinha onde pega uma faca e faz um corte na palma de sua mão es- querda. A dor é tão grande que por um momento ele esquece o seu sofrimento. O sangue escorre pelo seu braço e suja alguns insetos. Mas novamente ele continua em seu insuportá- vel pesadelo.Percebe então que não está sonhando.E está começando a perder a hipótese de ser apenas uma alucinação. Decide então ligar para Vanessa.

O telefone não funciona.?Essa merda deve tá quebrada!?,pensa ele.?Talvez se- ja até melhor ela não me ver assim!?.

Acho que é o fim!?,pensa ele sentando no sofá.Já não sente tantas dores e nem se preocupa com o que for acontecer a ele, pois perdeu a vontade de viver. Só lhe resta uma coisa a fazer: pegar um baseado e refletir sobre sua vida.

Ele sempre achou sua vida uma droga, talvez seja melhor morrer. Não tem na- da nesse mundo que o interesse, exceto Vanessa. Mas ele já não a ama tanto e é melhor ela procurar um cara mais interessante, alguém com um bom futuro e não um drogado com o a- luguel atrasado e com grandes inimigos.

Vai até a gaveta do seu armário e pega seu revólver.Abre bem sua boca e enfia o cano da arma. Sua mão treme um pouco e ele soa frio. Os insetos continuam a violentar seu corpo.Ele pensa uma última vez em Vanessa, dá sua última tragada no baseado e aperta o gatilho.

Algumas horas depois ele acorda.Os insetos ainda atacam seu corpo e ele con- tinua em seu apartamento. O chão está sujo de sangue e sua cabeça também. Mas o buraco da bala desapareceu. ?Merda!Eu devia tá morto!?, pensa ele.

Mas que droga tá acontecendo??, pensa ele novamente. Corre para a sala.Ten- ta abrir a janela para pular,mas ela não abre. Apesar de não sentir muito a dor causada pelos insetos, a agonia é cada mais insuportável. Ele precisa se matar e se livrar dessa agonia de uma vez por todas.

Dá muitos socos fortes mas a janela não sede. Pega então uma cadeira e com toda sua força bate com ela na janela. Finalmente a janela sede e ele pode ver a cidade. Mas ela parece diferente. Não tem carros circulando nas ruas e parece vazia.O céu está roxo e as trevas tomam conta de prédios e casas. Ele se sente só no mundo.

Começa a escutar grandes pisadas.E vê sombras se movendo no chão.Então in- setos gigantes surgem. Soltam gritos agudos e ensurdecedores. Augusto não consegue acre- ditar no que vê e se afasta da janela. Ele precisa se matar logo. Tenta se suicidar de várias formas e não consegue, pois sempre acorda em seu pesadelo real com os insetos em seu corpo.

Se ajoelha chorando e começa gritar.?O que está acontecendo!?. Ao dizer is- so, começa a aparecer imagens e sua mente. Ele se vê jogado na cama com a boca cheia de vômito e Vanessa chorando com as mãos no rosto ao lado da cama. Em seguida se vê den- tro de um caixão e um padre com a bíblia aberta em suas mãos. Parentes, amigos estão ao seu redor chorando e alguns também rezando. Seus irmãos consolando sua mãe e Vanessa sendo consolada por seu pai e seu irmão.Em seguida se vê nu dentro de um enor- me útero. Sente a dor de seus pecados e uma luz mórbida o puxar para fora do útero.

Todas essas imagens lhe atingem como flechas venenosas e ele finalmente sa- be toda a verdade.

por Rodrigo Carvalho

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