Apocalipse2000 - 13 anos

RSS RSS Feed | Twitter Twitter
Ir para o conte�do
 

Egoismo

Marcio era um executivo bem sucedido. Tinha uma grande casa, uma bela esposa e duas ador�veis crian�as. Ele era diretor de uma grande empresa, que ficava a apenas dois quarteir�es de sua casa. Isso o ajudava muito, pois n�o precisava de carro para chegar ao escrit�rio. Bastava andar em linha reta at� a porta da empresa.

Apesar de ser extremamente ego�sta, Marcio se considerava religioso. Como havia uma igreja no caminho rotineiro de seu trabalho, ele costumava fazer um sinal da cruz quando passava pela igreja. Essa igreja sempre estava aberta. De manh�, com alguns fi�is na porta e pouca claridade e a noite, quando Marcio retornava para casa e conseguia ver o padre de costas rezando sua missa rotineira.

A vida desse executivo era regada a muito dinheiro. Sempre em festas sociais, eventos e desfiles glamourosos. Quanto mais dinheiro ele conseguisse melhor pois ele ficaria mais rico ainda. At� que um dia, o destino bateu em sua porta.

Antes de sair para o trabalho, um mendigo tocou a campainha de sua casa. Marcio pediu para a empregada ver o que ele queria. Ela disse que ele gostaria de falar com o Sr. Marcio.

- Mas como esse velho sabe o meu nome? Indagou Marcio perplexo.

Chegando ao port�o, Marcio encontrou um velho, careca e com barbas longas e grisalhas. Sujo e com roupas rasgadas. O velho quase se arrastava pelo ch�o, lhe suplicando:

- Por favor. D� me um real. Deus lhe agradecer� em dobro.

- Fora daqui ! - Gritou Marcio - Que falta de respeito � esse com pessoas honestas e trabalhadoras? Saia j� de frente da minha casa ou eu chamarei meus seguran�as !

O velho saiu da frente de sua casa se arrastando. Parecia estar machucado ou com muita fome. Mas isso n�o comoveu Marcio, que com um beijo despediu-se de sua esposa e foi trabalhar.

Foi trabalhar pelo mesmo caminho. Passou pela igreja, fez um sinal da cruz e continuou sua caminhada. Nem sequer lembrara do pobre mendigo.

Depois de mais um longo dia de trabalho, Marcio volta para casa, pelo mesmo caminho de sempre. Passa pela igreja, v� o vulto do padre rezando a missa e entra em sua casa.

No dia seguinte, no mesmo hor�rio, o mendigo aparece novamente na porta da casa de M�rcio:

- Por favor. D� me um real. Deus lhe agradecer� em dobro.

- Mendigo insolente, vou chamar a pol�cia

- Eu s� preciso de um real para comprar comida. Por favor, Deus lhe agradecer� e dobro.

Enquanto Marcio discutia com o mendigo, sua esposa tinha ido buscar alguns p�es para dar ao mendigo. Marcio, irritad�ssimo com o velho e pela atitude de sua esposa, tomou-lhe o p�o e o pisoteou. Depois carregou o saco para dentro de casa dando gargalhadas. Ao voltar para o port�o, para ir trabalhar, o mendigo n�o estava mais l�.

E mais um dia se passou na vida de Marcio. E foi assim por uma semana. O mendigo tocava a campainha na mesma hora da manh� pedindo dinheiro, e Marcio a cada dia humilhava mais o pobre coitado. Mas, em um certo dia, o mendigo n�o apareceu. Marcio dava gra�as a Deus que aquele monte de lixo havia percebido que n�o conseguiria nada e fora embora. O grande executivo toma seu caminho para o trabalho calmamente, assobiando de felicidade.

Ao passar na porta da igreja, Marcio resolveu parar em frente e "agradecer".

- Obrigado Deus, por tirar aquele homem da minha casa.

E seguiu seu caminho para o trabalho.

O dia de M�rcio segue tranq�ilamente. At� o momento que ele passa pela igreja. Marcio v� um movimento estranho na porta do templo. O padre n�o est� rezando a missa hoje. O que haveria acontecido? Marcio resolve entrar para ver o que acontecia e pergunta a uma das fi�is, que chorava desesperadamente:

- O que aconteceu?

- O padre Gabriel morreu - Responde a jovem emocionada

- Mas morreu como?

- Ele havia feito uma promessa a Deus. Queria mostrar que ainda havia pessoas boas nesse mundo e fez jejum por uma semana, para sobreviver com a caridade das pessoas. Morreu de anemia hoje de manh�.

- Que triste - exclama M�rcio - Vou fazer uma homenagem visitando o corpo.

Mas, ao chegar ao lado do defunto, M�rcio leva um choque, ao perceber que aquele velho deitado no caix�o era a mesma pessoa que lhe pedira dinheiro por uma semana, para comprar comida. Marcio fica aterrorizado com a vis�o daquele pobre velho, agora limpo, de batina e de olhos fechados, sem dizer uma palavra.

Marcio fica tonto, sua vis�o come�a a ficar distorcida e ele ouve incessantemente a frase que o Padre lhe falou durante uma semana:

- Por favor. D� me um real. Deus lhe agradecer� em dobro.

- Por favor. D� me um real. Deus lhe agradecer� em dobro.

- Por favor. D� me um real. Deus lhe agradecer� em dobro.

Ele n�o sabe o que fazer, M�rcio olha para os lados e v� todas as pessoas a sua volta. Todos olhando para ele, com a fisionomia do velho. Com a barba branca e careca e olhares que pareciam lhe perfurar o cora��o.

O executivo n�o sabe o que fazer, e num gesto de desespero sai correndo em dire��o � rua. Mas n�o percebe a chegada de um caminh�o em alta velocidade que lhe acerta em cheio. Marcio cai no ch�o ensang�entado, cheio de fraturas no corpo, at� que d� seu �ltimo suspiro.

M�rcio acorda, em um lugar claro, cheio de luzes brancas e amarelas. Uma paz absoluta. Ele v� uma pessoa vindo em sua dire��o. Uma pessoa vestida de branco. As luzes atrapalham a vis�o e Marcio n�o consegue reconhecer quem �. Ao tocar na m�o da pessoa, Marcio percebe as rugas, e ao olhar para cima v� o rosto do velho, com um semblante triste no rosto.

- Infelizmente, meu irm�o, voc� n�o conseguiu salvar sua alma.

- Como assim? Indaga M�rcio

- Deus havia lhe dado � chance de lhe salvar. Mandou-me interferir em sua vida para que deixasse de ser ego�sta. Mas agora � muito tarde.

- Mas o que vai acontecer comigo?

Antes mesmo de Marcio terminar sua pergunta, dezenas de m�os negras, todas deformadas e queimadas surgem do solo. Todas elas puxando a perna de Marcio. Para n�o deixar ele escapar, as m�os em decomposi��o cravavam suas unhas na carne de Marcio. Ele estava sendo puxado para o inferno, onde seria torturado, queimado e ficaria apodrecendo pelo resto de sua vida. Marcio tenta as �ltimas palavras para que o velho lhe ajudasse, mas a resposta � a confirma��o de sua senten�a de morte eterna.

- Desculpe, senhor... mas eu n�o tenho um real....

por Apocalipse2000

Arquivo

Bookmarks

Parceiros

Apocalipse2000
Medo B

Como ser parceiro?

Parceiros

Apocalipse 2000� 06/06/2000. Todos os direitos reservados.
P�gina inicial - Entre em contato com o Apocalipse2000