"O talhante de Kampala", "senhor do horror" e "o carniceiro da África" são alguns dos diversos apelidos de um dos mais cruéis e desumanos ditadores da África.
Idi Amin Dada Oumee foi ditador de Uganda por quase dez anos (1971 a 1979). Estima-se que Amin tenha matado entre 300 mil e meio milhão de pessoas durante o seu regime. O ex-ditador de Uganda nasceu em meados da década de 20, em uma pequena tribo de camponeses muçulmanos de Kakwa, nas margens do Nilo, um dos distritos mais remotos de
Uganda. Depois de sair da escola, executou trabalhos espetaculares, mas foi recrutado ao exército por um oficial do exército colonial britânico.
Amin juntou-se ao King's African Rifles (KAR) do exército colonial britânico em 1946 como um cozinheiro assistente. Impressionou com seu 1,90 metro de altura, e os seus 110
quilos bem como a sua habilidade pugilística, que o converteram num campeão de boxe na categoria de pesos-pesados do seu país (1951-1960).
Foi forçado a juntar-se ao exército durante a segunda guerra mundial.
Depois disso, na infantaria, participou de diversos conflitos na Somália e no Kênia. Durante os anos seguintes, foi acumulando promoções e gratificações militares, até que em 1966, dois anos após a independência do país, tornou-se chefe do Exército. Em 2 de fevereiro de 1971, Amin declara-se Presidente de Uganda. Com seu temperamento megalômano, vingativo e violento, inicia seu governo marcado pela brutalidade.
Em 1972 expulsou cerca de 40 mil asiáticos, descendentes de imigrantes do império britânico na Índia, dizendo que Deus lhe havia dito para transformar Uganda num país de
homens negros. Ameaçou queimá-los vivos caso não saíssem em 90 dias. Nesse mesmo ano, milhares de civis, juizes, diplomatas, professores e estrangeiros foram executados
durante seu governo. Em alguns caso, vilarejos inteiros foram dizimados. Os corpos foram despejados no rio Nilo, e tamanha era a quantidade de cadáveres, que o algumas
partes do rio ficavam represadas.
As matanças e carnificinas garantia-lhe o título de "senhor do horror" durante seu regime. Muitos ugandenses acusavam o ditador manter cabeças decepadas de seus inimigos em uma geladeira, de alimentar crocodilos com cadáveres e de ter desmembrado uma de suas esposas.
Com o passar dos anos, muitos acreditavam que ele era louco. Uma vez declarou-se "rei da Escócia", proibiu os hippies e as minissaias, e chegou a um funeral da realeza
saudita usando um kilt. Ficou conhecido também por debochar de vários líderes internacionais: afirmava dar conselhos ao presidente americano Richard Nixon, criou o
"Fundo Ugandense para a Salvação da Inglaterra" e cogitou a transferência da sede da ONU de Nova York para a capital de Uganda.
Seu reinado de horror e sangue durou até 1979, quando o líder por ele derrubado Milton Obote, exilado na Tanzânia, convocou um ataque e, no dia 11 de abril, o ditador foi derrubado pela Frente Nacional de Libertação de Uganda.
Abandonou então o país e fugiu para a Líbia, mas teve de procurar um novo refúgio quando o ditador líbio Muammar al-Gaddafi o expulsou do país. Recebeu asilo da Arábia
Saudita em nome da caridade islâmica, onde passou a viver até o fim de sua vida, acompanhado pelas suas quatro esposas e seus mais de 50 filhos. Quando o seu estado de
saúde se agravou, em julho, uma de suas quatro mulheres pediu para voltar a Uganda para morrer, mas o atual governo negou o pedido, sob o argumento que se retornasse
ao país seria julgado pelas suas atrocidades.
O ditador morreu com mais de 80 anos devido a falência múltipla dos órgãos. Foi enterrado na Arábia Saudita no sábado, 16 de agosto de 2003. Os ugandenses reagiram com
uma mistura de alívio com a morte de um tirano e a nostalgia por um líder que muitos aplaudiram por expulsar asiáticos que dominavam a vida econômica.
A Anistia Internacional lamentou profundamente que o ditador tenha falecido sem ser julgado por seus crimes contra a humanidade.
Idi Amin foi retratado no filme "O último rei da Escócia", com a belíssima atuação de Forest Whitaker, a qual lhe rendeu o Oscar de melhor ator em 2007.