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Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro

Frei GalvãoAntônio de Sant'Ana Galvão nasceu em Guaratinguetá, na cidade de São Paulo, em 1739. Viveu até seus treze anos com sua família, rica e de muitas posses. A vontade do pai de dar aos filhos uma perspectiva de desenvolvimento social e cultural, fez com que mandasse seu filho para o Colégio de Belém, na Bahia. Foi lá que desenvolveu seus estudos e sua vocação cristã.

Seu sonho de tornar-se jesuíta teve de ser adiado, pois havia uma perseguição do Marquês de Pombal aos membros da Ordem. Aconselhado por seu pai, entrou para um convento Franciscano em Taubaté. Aos 21 anos, mudou-se para a Vila de Macaco, no Rio de Janeiro para iniciar o noviciado.

Era uma pessoa extremamente bondosa, estudiosa e fiel à sua consagração como sacerdote e religioso franciscano. Foi mandado para o Convento de São Francisco em São Paulo para continuar seus estudos e dedicar-se a vida religiosa. Nessa época, ele fez sua "entrega a Maria", como "filho e escravo perpétuo". O documento foi assinado com seu próprio sangue em 9 de novembro de 1766.

Foi nomeado com diversos títulos: Pregador, Confessor dos Leigos, Porteiro do Convento e finalmente Confessor das Recolhidas de Santa Teresa.

No dia 2 de fevereiro de 1774, foi fundado o novo Recolhimento de Santa Teresa e Frei Galvão foi o seu fundador juntamente com a Irmã Helena Maria do Espírito Santo. Irmã Helena morreu um ano depois e Frei Galvão tocou sozinho a instituição, com sabedoria e humildade.

Foto do Mosteiro da Luz, em São Paulo - SPFrei Galvão foi obrigado a aumentar a instituição. Durante catorze anos cuidou dessa nova construção, que foi inaugurada em 15 de agosto de 1802. O jovem Frei ajudou em tudo, desde o projeto inicial até o carregamento de pedras e trabalho pesado na obra. A obra, hoje o Mosteiro da Luz, foi declarada "Patrimônio Cultural da Humanidade" pela UNESCO.

Por tudo que fazia, Frei Galvão já era considerado santo em vida. Ele viajava muito, sempre atendendo pessoas e fazendo pregações. Foi muito solicitado para curas milagrosas, por doentes e enfermos terminais. Numa dessas ocasiões, escreveu num pedaço de papel uma frase em latim do Ofício de Nossa Senhora, que poderia se traduzida assim: "Depois do parto, Ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercede por nós!". Enrolou o papel em forma de pílula e deu a um moço que se debatia com fortes dores provocadas por cálculos renais. Após ingerir os papelinhos, o jovem expeliu os cálculos e ficou curado. Logo veio um senhor muito aflito, porque sua mulher estava em trabalho de parto e em perigo de perder a vida. Frei Galvão fez novamente uma pilulazinha, e a criança nasceu rapidamente. A partir daí teve que ensinar as irmãs do recolhimento a confeccionar as pílulas e dar às pessoas necessitadas, o que elas fazem até hoje. Esta foi a origem dos milagrosos papelinhos, que, desde então, foram muito procurados pelos devotos de Frei Galvão, e até hoje o Mosteiro fornece para as pessoas que têm fé na intercessão do "Servo de Deus ".

Grande parte das graças alcançadas são referentes à cura de câncer, mas ainda é muito popular o poder de cura das pílulas nos casos relacionados a problemas renais e gravidez, especialmente casais que não conseguem ter filhos.

Frei Galvão faleceu em 23 de dezembro de 1822 e a pedido do povo e das irmãs foi sepultado na Igreja do Recolhimento da Luz, que ele mesmo construíra. Seu túmulo sempre foi lugar de contínuas peregrinações.

Em 8 de abril de 1997, ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II, tornando-se o primeiro beato brasileiro.

Diversos milagres foram creditados a Frei Galvão, dentre eles a cura de uma criança de quatro anos de idade, Daniela Cristina da Silva. Devido a complicações pulmonares, foi internada e diagnosticada inicialmente como coma por encefalopatia hepática, conseqüência de um vírus. Sofreu uma parada cardiorrespiratória, teve sangramento gengival, gematúria, ascite, progressivo aumento da circunferência abdominal, broncopneumonia, parotidite bilateral, faringite, além de dois episódios de infeção hospitalar.

Daniela permaneceu do dia 25 de maio a 07 de junho de 1990 na UTI, passando depois para a Seção de Pediatria. Em 13 de junho de 1990 foi feita uma biópsia hepática cujo resultado foi "hepatite aguda colestática". No dia 21 de junho de 1990, Daniela recebeu alta do hospital , sendo "considerada curada".

A intervenção divina foi pedida por pais, parentes e amigos as religiosas do Mosteiro da Luz, que pediam que Frei Galvão intercedesse por Daniela. Quando Daniela saiu do hospital, foi levada ao Mosteiro, onde se encontra o túmulo de Frei Galvão, para agradecer a graça alcançada.

Por esse e outros motivos, o papa Bento XVI virá a São Paulo no dia 11 de maio de 2007 para canonizar Frei Galvão. Ele será o primeiro santo oficial brasileiro. Em dezembro de 2006, o Vaticano reconheceu o segundo milagre creditado ao homem que entregou sua vida a sua crença e a ajudar as pessoas.

Oração de Frei Antônio Galvão

Ó, Deus, que inspirastes ao Beato Frei Antonio de Sant'Anna Galvão extraordinária caridade com os enfermos, os aflitos e os escravos de sua época no Brasil, dai-me o vosso espírito de amor para que eu saiba suportar com paciência meus sofrimentos. Intercedei junto a Jesus Cristo, que tanto amaste, e neste momento de dor, (faça o pedido...) não me falte a força e a coragem de suportar a doença; fortalecei meu ânimo onde, passando pelo sofrimento, purifique-me dos meus pecados e também possa ajudar meus irmãos mais necessitados. Amém.

(Pai-Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai.)

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Homilia do papa João Paulo II Na concelebração eucarística Para a beatificação De quatro servos de Deus (Inclusive Frei Galvão)

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